G20-Argentina, La Matanza
Cheguei em Buenos Aires no dia 23 para realizar a cobertura das manifestações contra o G20. A ideia de chegar uma semana antes era justamente para acompanhar o processo de organização e de mobilização durante os dias anteriores ao evento. Fui informado que haveria uma mobilização naquela semana, no dia 26, no centro de Buenos Aires, em resposta ao assassinato de um militante camponês pela polícia.
Ao chegar, identifiquei uma marcha com milhares de pessoas, com vários grupos e movimentos sociais. Cerca de 30 mil pessoas estavam presentes e caminhavam aos gritos contra o Estado argentino e a polícia.
Rodolfo Orellana, jovem militante que fazia parte da Organización Libres del Pueblo (OLP), foi assassinado durante uma operação da polícia contra famílias que ocupavam uma terra na área de Puente 13, com o objetivo de instalar habitação, em La Matanza, Buenos Aires.
O assassinato ocorreu na madrugada de 22 de novembro e deixou diversas pessoas feridas. Além de dezenas de feridos, quatro pessoas foram presas e estavam incomunicáveis.
Orellana tinha 33 anos e cinco filhos, o mais velho de 15 anos, o mais novo menos de dois. Ele morava em Villa Celina, onde estava encarregado das empresas têxteis pela OLP.
A manifestação reivindicava também a soltura de Mirian Calizaya, Hugo Vedia, Alanes Coria e Wilson Delgado, outros quatro militantes da CTEP (Confedereación de Trabajadores de la Economía Popular) detidos arbitrariamente durante a mesma ação policial que assassinou Orellana.
Após forte pressão popular, os quatro foram libertados no dia 27, um dia após o protesto.