#25N em Buenos Aires
Cheguei em Buenos Aires no dia 23 de novembro de 2018, com o objetivo de cobrir os protestos contra o Grupo dos 20 (G20). A ideia de chegar uma semana antes era justamente para acompanhar o processo de organização e de mobilização durante os dias anteriores ao evento.
Ao pesquisar sobre as mobilizações e entrar em contato com colegas que residem no país, soube que no dia 26, segunda-feira, ocorreria o #25N – ‘Dia Internacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e Dissidências’, que também continha em sua pauta o “Não ao G20. Não ao ajuste de Mauricio Macri e dos governadores”, na região central da cidade de Buenos Aires.
O ato foi organizado por uma assembleia feminista convocada por diferentes grupos. O trajeto pelo centro de Buenos Aires seguiu do Congresso Nacional à Praça de Maio. A região ficou tomada pela marcha de milhares de mulheres, cerca de 50 mil pessoas, segundo jornais locais.
Em 2018, pela primeira vez na história da democracia no país, o Congresso argentino debateu o aborto legal, seguro e gratuito. Essa pequena vitória é reflexo de muita luta dos movimentos feministas da Argentina.
“Aborto ilegal é feminicídio estatal”, lia-se em pichações pela cidade.
A história do 25 de novembro *
Em 25 de novembro de 1960, os corpos das três irmãs Mirabal foram encontrados em uma ravina na costa da República Dominicana. Embora a imprensa da época tentasse alertar que foi um acidente, foi o ditador Rafael Trujillo quem ordenou o assassinato. As Irmãs Patria, Minerva e María Teresa Mirabal cresceram em Ojo de Agua, um bairro de Salcedo, em uma rica zona rural do país caribenho.
As jovens aderiram a um grupo político contrário a Trujillo conhecido como Agrupación politico 14 de Junio. Dentro da organização, eram conhecidos como Las Mariposas, seu nome de guerra. Minerva e María Teresa foram presas várias vezes, submetidas a torturas e estupros.
No primeiro Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, o dia 25 de novembro foi declarado o Dia Internacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Era 1981, em Bogotá, e a data naquela época comemorava os vinte anos do assassinato das irmãs Mirabal. A data já faz parte do calendário de lutas feministas e por isso são múltiplas as mobilizações em toda a região.
* Texto original aqui.